O grande encontro aconteceu em agosto de 1935, num vilarejo intitulado Wardha, onde se localizava o ashram do líder pacifista. Dez anos antes, Gandhi havia visitado a Yogoda Satsanga Brahmacharya Vidyalaya, escola secundária com treinamento iogue em Ranchi, Índia, mas ele e Yogananda só estiveram juntos pessoalmente quando em seu eremitério.

Na ocasião, que se estendeu por alguns dias, os mestres conversaram sobre a preocupante situação mundial (estavam à beira da 2ª grande guerra), fizeram orações e refeições juntos, além de Yogananda iniciar Gandhi e alguns de seus discípulos na ciência da Kriya Yoga.

Os detalhes desse episódio podem ser lidos na Autobiografia de um Iogue, mas listamos abaixo alguns trechos do livro:

“O minúsculo santo de 45 quilos irradiava saúde física, mental e espiritual. Seus olhos castanhos suaves brilhavam de inteligência, sinceridade e discernimento; este estadista enfrentara milhares de batalhas legais, sociais e políticas, emergindo vitorioso. Nenhum outro líder no mundo alcançou nicho tão seguro nos corações de seu povo como o que Gandhi ocupa no seio de milhões de iletrados da Índia. O tributo espontâneo que a ele oferecem é o famoso título Mahatma: “grande alma”. Em prol deles unicamente, Gandhi limita sua roupa a uma tanga, mundialmente caricaturada e símbolo de sua unidade com as multidões oprimidas que não podem vestir outra coisa.”

“Na noite anterior, Gandhi manifestara o desejo de receber a Kriya Yoga de Lahiri Mahasaya. Comoveu-me a mentalidade aberta do Mahatma e seu espírito de pesquisa. Ele se parece a um menino em sua divina busca, revelando a pura receptividade que Jesus enalteceu nas crianças: “(…) delas é o reino dos céus”. Chegara a hora de minha prometida instrução; diversos satyagrahis entraram na sala: o Sr. Desai, o Dr. Pingale e alguns outros que desejavam a técnica de Kriya.

Ensinei primeiramente à pequena classe os exercícios Yogoda. Visualiza-se o corpo dividido em 20 partes; a vontade dirige a energia para cada parte, sucessivamente. Logo, todos vibravam à minha frente como motores humanos. Era fácil observar as ondas de energia nas 20 partes do corpo de Gandhi, quase sempre completamente visíveis! Apesar de muito magro, sua aparência não é desagradável; a pele de seu corpo é suave e sem rugas. Depois, iniciei o grupo na técnica libertadora de Kriya Yoga.”

“– É curioso como nos iludimos, imaginando que podemos melhorar o corpo mas que é impossível despertar os poderes ocultos da alma – respondeu Gandhi. – Empenho-me na tentativa de mostrar que, se possuo algum desses poderes, sou um mortal tão frágil como qualquer outro e que nunca houve, nem há agora, nada de extraordinário a meu respeito. Sou um simples indivíduo, sujeito a errar como qualquer companheiro mortal. Entretanto, reconheço que possuo humildade bastante para confessar meus erros e corrigir os passos que dei. Admito que tenho uma fé inalterável em Deus e em Sua bondade, e uma paixão inexaurível pela verdade e pelo amor. Mas não é isso que toda pessoa tem latente em si? – E acrescentou: – Se podemos fazer novas descobertas e invenções no mundo dos fenômenos, precisamos declarar nossa falência no domínio espiritual? Será impossível multiplicar as exceções de modo a torná-las a regra? Precisa o homem, sempre, ser primeiro um bruto e só depois um homem, se chegar a tanto?”

Memorial de Gandhi

Em um templo com paredes abertas, por onde se contempla a majestosa natureza, foi erguido o Gandhi World Peace Memorial, na Self-Realization Fellowship. Um espaço ecumênico em homenagem a Mahatma Gandhi e que possui parte de suas cinzas.

Mahatma Gandhi – in Memoriam

“Ele era o pai da nossa nação no verdadeiro sentido da palavra, e um desvairado o assassinou. Milhões e milhões estão de luto porque a luz se apagou. (…) A luz que brilhou nesta terra não era uma luz comum. Por mil anos essa luz será visível neste país, e o mundo a verá.” Assim falou o primeiro‑ministro da Índia, Jawaharlal Nehru, logo após o assassinato de Mahatma Gandhi em Nova Delhi em 30 de janeiro de 1948.

Cinco meses antes, a Índia alcançara pacificamente a sua independência nacional. Terminara a obra de Gandhi, então com 78 anos; ele sabia que sua hora estava próxima. “Abha, traga-me todos os papéis importantes”, disse ele à sua sobrinha-neta na manhã da tragédia. “Preciso responder hoje. Amanhã talvez seja tarde.” Em numerosos trechos de seus escritos, Gandhi também insinuou que já conhecia seu destino final. Quando, moribundo, o Mahatma caía lentamente ao solo, com três balas em seu corpo frágil e esgotado pelo jejum, ele ergueu as mãos no gesto tradicional de saudação hindu, silenciosamente concedendo o seu perdão. Artista singelo, como foi em todas as circunstâncias de sua vida, Gandhi tornou-se um artista supremo no momento de sua morte. Todos os sacrifícios de sua vida altruísta tornaram possível aquele derradeiro gesto de amor. Albert Einstein, em tributo ao Mahatma, escreveu: “Talvez as gerações vindouras dificilmente acreditarão que alguém como ele, em carne e osso, tenha caminhado um dia sobre a Terra”. Um despacho do Vaticano, de Roma, afirmava: “O assassinato causou grande consternação entre nós. Gandhi é pranteado como um apóstolo das virtudes cristãs”. Férteis em significado simbólico são as vidas de todas as grandes almas que vêm à Terra para cumprir uma justiça

específica. A dramática morte de Gandhi pela causa da unidade indiana realçou sua mensagem para um Mundo dilacerado pela desunião em todos os continentes. Essa mensagem, ele a afirmou em palavras proféticas: “A não-violência veio para o meio dos homens e viverá. Ela é o arauto da paz mundial.”

Autobiografia de um Iogue

Autobiografia de um iogue

Em “Autobiografia de um Iogue”, Paramahansa Yogananda oferece um verdadeiro portal para a compreensão da filosofia indiana narrando sua infância, a peregrinação em busca de seu mestre espiritual, a vida de cada um dos mestres de sua linhagem (Mahavatar Babaji, Lahiri Mahasaya, Sri Yukteswar), a fundação de uma escola baseada nos princípios da ciência da Yoga, sua vinda para a América e uma peregrinação pela Europa e Oriente, onde teve contato com grandes santos e mestres espirituais da época. É também um passo inicial seguro para quem deseja conhecer a ciência da Kriya-Yoga, técnicas científicas avançadas de meditação iogue. Edição completa, editada pela Self-Realization Fellowship, organização espiritual sem fins lucrativos fundada por Paramahansa Yogananda em 1920, com sede internacional nos EUA.
Considerado um best-seller, integrante da lista dos cem maiores livros espirituais já publicados em todo o mundo. É editado há mais de 60 anos, atualmente em quase 30 línguas e é uma das maiores revelações já publicadas no Ocidente sobre as profundezas da mente e do coração hindus e a riqueza espiritual da Ciência da Yoga. Livro de cabeceira de famosos como George Harrison, Steve Jobs, Gilberto Gil, entre outros.