As mudrás, popularmente conhecidas como gestos feitos com as mãos, costumam ser introduzidas nas práticas de yoga de forma bastante superficial como um mero ingrediente estético que ajuda a criar uma sensação de profundidade e misticismo.

Digo isso por se tratar de uma técnica sutil cuja aplicação, para ser efetiva, depende tanto de uma compreensão básica a respeito de seu significado e propósito como também de uma capacidade de atenção e de percepção mais treinada e refinada.

A utilização pouco esclarecida das mudras tende a criar uma sensação de que se trata de algo vazio, como se fosse uma espécie de alegoria supersticiosa sem nenhuma fundamentação.

Esse artigo pretende jogar uma luz sobre o funcionamento dessa sofisticada técnica de modo que os mais céticos passem a considerar a sua inclusão com a mente aberta e os mais crédulos com mais clareza e os pés no chão.

Segundo a tradição do yoga os dedos podem representar numa perspectiva os cinco elementos e em outra, o indivíduo, o Todo e os três atributos do mundo manifesto que são rajas (movimento), tamas (inércia) e sattva (equilíbrio).

Em ambos os casos, possuem polaridades energéticas específicas relacionadas ao sistema nervoso. A compreensão dessas atribuições possibilita uma série de combinações de circuitos e representações epistemológicas.

Sua natureza de atuação, portanto, é tanto simbólica quanto fisiológica-energética. Essas duas frentes podem funcionar de forma independente, mas quando combinadas tem um poder ainda maior no sentido de alterar nosso estado fisiológico, mental e emocional.

Em outras palavras, por um lado temos o acionamento de terminações e plexos nervosos que gera uma mudança do fluxo energético para áreas específicas alterando nossa fisiologia, o ritmo respiratório e até os batimentos cardíacos. E, pelo outro, através do entendimento do que é simbolizado pelos gestos, nos conectamos às energias da ordem cósmica e a forças latentes em nós trazendo à tona estados mentais e atitudes condizentes ao conhecimento evocado.

Além de auxiliar na execução de algumas posturas, de técnicas respiratórias e sobretudo meditativas, elas podem promover por si só efeitos positivos para nossa saúde e bem-estar bem como proteção e harmonia em relação ao ambiente que nos cerca.

Apesar de existir mais mudrás realizadas com as mãos, temos as que são realizadas com os olhos, com a língua, com o corpo todo e também as da região do períneo relacionadas ao sistema nervoso central e à energia sexual.

Devido a sua relevância e força, os tratados de hatha yoga destacam as mudras como um dos membros interdependentes que compõe essa atividade psicofísica de autocuidado, autodesenvolvimento e de autoconhecimento.

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Além disso, as mudras permeiam uma série de atividades oriundas desse mesmo berço cultural como o teatro, a dança e até as artes marciais.

Como fruto de uma sabedoria que vem sendo testada e aprovada por milênios, as mudras merecem ser valorizadas e levadas tão a sério quanto as posturas e as técnicas purificatórias, respiratórias e meditativas legadas por essa tradição e que já são bastante reconhecidas pelas ciências modernas.

Aprofundar-se no yoga é descobrir o poder que há nos detalhes e nas sutilezas das relações entre nossa mente, nosso corpo e o meio em que vivemos.

Por Gilberto Schulz

Fonte: https://yogaemcasa.net/2018/12/28/desvendando-as-mudras-os-gestos-do-yoga/