Krishna, o Cristo da Índia, é uma figura pouco conhecida por nós, aqui no Ocidente. Sua história pode, no entanto, nos inspirar profundamente a buscar uma vida equilibrada, mesmo nos atribulados tempos atuais.

Com base na obra de Paramahansa Yogananda, separamos 5 curiosidades sobre Krishna que o tornarão mais próximo desse grande mestre da humanidade.

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A vida de Krishna começa com um milagre

“Krishna nasceu em uma prisão na cidade de Mathura, onde os pais – Vasudeva e Devaki – eram mantidos em cárcere pelo perverso irmão de Devaki, Kansa, que havia roubado o trono do pai. À época,  um decreto que determinava a morte de todos os recém-nascidos do sexo masculino estava em voga, mas um episódio surpreendente narra a forma com que Vasudeva conseguiu salvar seu filho do fatídico evento: assim que Devaki teve Krishna em seus braços, miraculosamente, as portas trancadas da cela se abriram e os guardas caíram ao chão, em profunda letargia, permitindo que a criança fosse levada sem qualquer violência.” O destino? Os campos de Brindaban, onde foi criado por seus pais adotivos: Nanda e Yasoda.

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Yasoda e Krishna

Sabedoria precoce e exibição de poderes “mágicos”

Fazia parte da traquinagem do menino surrupiar o queijo que as queijadeiras preparavam diariamente em sua comunidade. Uma vez, no entanto, Krishna encheu a boca em excesso e Yasoda temeu que ele se sufocasse. Imediatamente, ela abriu a boca do garoto e Yasoda, ao olhar para a boca aberta, pôde contemplar toda a plenitude da criação em sua grandeza, luzes, estrelas, planetas, seres, todos os universos e sua própria imagem… Assustada, ela desviou os olhos da visão cósmica, feliz em ver e apertar de novo ao seio seu querido menininho. Foi ali que ela percebeu a magnitude do ser que tão carinhosamente cuidava.

As semelhanças entre Krishna e Jesus

Ambos foram concebidos divinamente e os nascimentos deles e as missões para as quais Deus lhes ordenou foram preditas. Jesus nasceu em uma humilde manjedoura; Krishna, em uma prisão. Tanto Jesus quanto Krishna escapuliram com êxito e foram postos em segurança quando um decreto que condenava à morte todas as crianças do sexo masculino foi proclamado para que eles fossem procurados e destruídos logo após o nascimento. Jesus foi chamado o bom pastor; Krishna, em seus primeiros anos, foi um vaqueiro. Jesus foi tentado e ameaçado por Satã; a força maligna perseguiu Krishna em formas demoníacas, buscando sem êxito assassiná-lo.

“Cristo” e “Krishna” são títulos que têm a mesma conotação espiritual: Jesus, o Cristo, e Yadava, o Krishna (Yadava, nome de família de Krishna, significa sua descendência de Yadu, originador da dinastia Vrishni). Esses títulos identificam o estado de consciência manifestado por esses dois seres iluminados, a unidade deles, estando encarnados, com a consciência de Deus onipresente na criação. A Consciência Crística Universal, ou Kutastha Chaitanya, a Consciência Universal de Krishna, é o “filho unigênito” ou único reflexo sem distorções de Deus, que permeia todos os átomos e todos os pontos do espaço no cosmos manifestado. A totalidade da consciência de Deus está manifestada naqueles que têm a plena percepção da Consciência de Cristo ou de Krishna. Como a consciência deles é universal, a luz que deles emana é derramada pelo mundo inteiro.

Quem são as gopis?

O mundo, viciado nos sentidos como único meio de gratificação, tem pouca capacidade de entender a pureza do divino amor e da amizade que não trazem consigo nenhuma mácula de expressão ou desejo carnal. É absurdo considerar de modo literal os supostos namoros de Sri Krishna com as gopis. Há neles o simbolismo da unidade entre o Espírito e a Natureza, que, quando dançam juntos na criação, apresentam o divino lila, folguedo, para divertir as criaturas de Deus. Com as melodias encantadoras de sua flauta celestial, Sri Krishna está chamando todos os devotos para o abrigo da união divina no samadhi da meditação, para ali se banharem no bem-aventurado amor de Deus.

É absurdo considerar de modo literal os supostos namoros de Sri Krishna com as gopis. Há neles o simbolismo da unidade entre o Espírito e a Natureza, que, quando dançam juntos na criação, apresentam o divino lila, folguedo, para divertir as criaturas de Deus. Com as melodias encantadoras de sua flauta celestial, Sri Krishna está chamando todos os devotos para o abrigo da união divina no samadhi da meditação, para ali se banharem no bem-aventurado amor de Deus.

A batalha de Kurukshetra

Uma das mais importantes escrituras do mundo, o Gita – a Bíblia hindu – narra a épica história da batalha de Kurukshetra, na qual os irmãos Pandavas entram em uma luta com seus primos, os Kuravas, pela posse de um reino.

De um lado, os cem Kauravas e seus aliados e, do outro, os cinco Pandavas e seus aliados. Em número mais reduzido, mas com uma força indomável. Arjuna, o maior dos guerreiros Pandavas, está para iniciar a batalha, sob a orientação de Krishna, quando hesita ao ver-se diante de seus primos, que ele deveria matar para vencer a guerra.

É aí que entra o papel fundamental de Krishna na história. Arjuna, hesitante, ajoelha-se aos pés do seu mestre, discorre por longo tempo sobre suas dúvidas até que, por fim, pede a Krishna que o oriente e lhe mostre toda a verdade. Nesse momento, então, o avatar concede ao seu discípulo uma visão cósmica: através do corpo de seu mestre, o arqueiro pôde ver toda a Criação refletida, todo o mundo manifestado. Inspirado por essa visão magnífica, Arjuna levanta-se e assume a condição de líder dos Pandavas, o exército que venceria, ao final, aquela imensa batalha.

No livro “Deus Fala com Arjuna – O Bhagavad Gita”, o mestre iogue indiano Paramahansa Yogananda explica que a batalha de Kurukshetra é uma grande metáfora do que acontece diariamente dentro de cada um de nós. Para ele, o maior exército, liderado por cem Kauravas, representa os nossos defeitos, enquanto que os Pandavas são as nossas virtudes. Kurukshetra é o reino corporal, que envolve nosso corpo, nossa mente, nossas emoções, o campo onde a luta se dá. E Krishna é a voz divina, a nos orientar no caminho a ser seguido. Paramahansa Yogananda nos ensina que, ao final de cada dia devemos nos perguntar: quem foi que venceu a minha batalha interior hoje? Os meus defeitos ou as minhas virtudes? E assim, proceder para mudanças essenciais para dar o poder a quem de direito: os Pandavas em nós, sob a orientação de Krishna.

Detalhes sobre a simbologia do evento podem ser obtidos no Deus Fala com Arjuna – O Bhagavad Gita, do mestre iogue indiano Paramahansa Yogananda.Inspirações sobre Krishna

Com as melodias encantadoras de sua flauta celestial, Sri Krishna está chamando todos os devotos para o abrigo da união divina no Samadhi da meditação, para ali se banharem no bem-aventurado amor de Deus.

Fontes:A Yoga do Bhagavad Gita:  https://bit.ly/3gO0yoP

Deus Fala com Arjuna – O Bhagavad Gita: https://bit.ly/30M8vW4

Todos os livros de Paramahansa Yogananda em português: https://goo.gl/x9gMhD